Oficina do Chapéu: Autoestima, Identidade, Sociabilidade e Apoio social durante o Câncer de Mama
Gabriela Poltronieri Lenzi
Materias IBIC - BISAC
- MLCL-Oncología
- VSPM-Afirmación personal
- VFDW-Salud de la mujer
Resumen
Durante o tratamento quimioterápico, mulheres acometidas pelo câncer de mama sofrem com os seus efeitos colaterais. Além dos medos relacionados à doença, como o encontro face a face com a morte, as dores físicas e as questões econômicas para abarcar o tratamento, esses efeitos, como a queda total dos cabelos, trazem à tona obstáculos que afetam a sua identidade e a autoestima, tornando-se a cabeça careca signo de estigma social. Para cobrir essas cabeças, agora sem cabelos, essas mulheres buscam alternativas em elementos da indumentária, como lenços e perucas, os quais carregam consigo o estigma da doença. Por outro lado, acessórios, como o chapéu, quase em desuso nos dias de hoje, apresentam-se como uma possibilidade, durante esse processo, de apoio a essas mulheres na manutenção de sua identidade feminina. Desse contexto, emergiu a principal questão desta pesquisa: Como e de que maneira um elemento da indumentária é capaz de auxiliar na autoestima e na manutenção e/ou restruturação da identidade em mulheres acometidas pelo câncer de mama? Mais que auxiliar nessa manutenção de autoestima e identidade, levantamos a hipótese de que a própria técnica de chapelaria, se empregada em grupo, possa ser um meio para as mulheres acometidas pelo câncer de mama criarem, com seus pares, uma rede de relacionamentos sociais que, por sua vez, pode ser um apoio enquanto vivenciam a doença. Assim, buscamos, de modo geral, compreender como e se o chapéu e a técnica da chapelaria podem ser relevantes para a identidade, a autoestima e a sociabilização das mulheres acometidas pelo câncer que frequentam a Rede Feminina de Combate ao Câncer, de Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Também elencamos os seguintes objetivos específicos: a) criar uma oficina que ensine a técnica de chapelaria para mulheres acometidas pelo câncer; b) entender de que maneira o chapéu contribui para a autoestima e para a identidade das mulheres acometidas pelo câncer durante o tratamento quimioterápico; c) observar como a confecção manual dos chapéus influencia novas relações sociais entre pacientes curadas, pacientes em processo de quimioterapia e voluntárias; d) verificar como um elemento de moda em gradativo desuso pode ser reutilizado, em segmentos específicos, como, no caso, nas pacientes com câncer em tratamento quimioterápico; e) reconhecer as histórias pessoais dessas mulheres com câncer, por meio do processo de confecção e dos chapéus criados nele. Esta investigação se enquadra na Antropologia Aplicada, mas permeia as áreas de Antropologia do Corpo, da Saúde e da Doença e da Moda e do Design. Fizemos uso da etnografia, sendo que nos colocamos como observadoras participantes, mas também realizamos entrevistas não diretivas e entrevistas semiestruturadas. Também utilizamos a Escala da Autoestima de Rosenberg, como meio de validação para visualizar se houve aumento da autoestima após o uso do chapéu. Para descrever os dados coletados em campo, fizemos uso da descrição densa seguida por interpretação, como nos sugere a antropologia hermenêutica. Os principais resultados obtidos nesta investigação demonstram que o chapéu pode ser um aliado na manutenção da identidade, visto que seu uso não denuncia uma simbologia estigmatizada. Quanto à medição da autoestima, constatamos um aumento de 8,38%, se comparado o antes ao depois do uso do acessório. As relações sociais desenvolvidas nas oficinas serviram não somente como apoio, mas também como inspiração para a obtenção da cura.
INDICE
- LISTA DE FIGURAS [10]
- LISTA DE TABELAS [12]
- LISTA DE SIGLAS E/OU ABREVIATURAS [13]
- A ESCOLHA DOS MATERIAIS PARA A CONFECÇÃO DOS CHAPÉUS [16]
- A DEFINIÇÃO METODOLÓGICA: OS MOLDES QUE DERAM FORMA AO CHAPÉU [31]
- O MARCO TEÓRICO: OS PRINCIPAIS PESPONTOS DO CHAPÉU [96]
- A CONVIVÊNCIA EM RELATOS: A ESCOLHA DOS ADORNOS DO CHAPÉU [204]
- INTERPRETAÇÃO [288]
- 6 CONCLUSÃO [307]
- REFERÊNCIAS [314]
- APÊNDICES [338]
- ANEXOS [347]